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CORONAVIRUS, INCERTEZAS E EGOCENTRISMO

Um estudo publicado pela Universidade de Harvard (Anxious and Egocentric: How Specific Emotions Influence Perspective Taking) em 2015, sugere que em tempos de incerteza, o egocentrismo ganha força entre os seres humanos.
O foco exclusivo nas próprias questões, e a indiferença com relação aos problemas e dificuldades das outras pessoas, são comportamentos que predominam em períodos como este que estamos vivendo.
O ditado popular brasileiro “quando a farinha é pouca, meu pirão primeiro”, parece tomar conta das mentes humanas. A tendência, neste contexto, é que ocorra a fragmentação do sentimento de comunidade, equipe ou família.
A impressão das pessoas é de que o ato de pensar, quase exclusivamente, em si mesmo, vai permitir que a condição mental esteja focada na própria sobrevivência. O que, obviamente, poderia ser explicado pela questão do instinto.
Mas, o que acontece na verdade, é que o egocentrismo vem normalmente acompanhado de uma forte ansiedade. Este estado mental, em geral, está associado a uma queda na capacidade de raciocinar livremente e buscar as melhores decisões e iniciativas.
O caminho natural e inteligente neste momento de pandemia, crise e incertezas, seria combater a ansiedade e os frequentes desconfortos que a acompanham.
Mas o que poderia ajudar neste sentido? O foco nas próprias questões (egocentrismo) para buscar as melhores soluções?
Muitos estudiosos(as) ao longo dos últimos anos (Tal Ben Shahar, Daniel Gilbert, Ulrich Mayr, Francesca Borgonovi, Robert Waldinger, entre tantos outros) na área da Psicologia Positiva, demonstram exatamente o contrário.
É com o foco na ajuda às outras pessoas que o equilíbrio tende a se estabelecer. A satisfação experimentada no cuidado com os outros, equilibra as emoções, e ajuda a encontrar os melhores caminhos para os problemas vividos.
Escrevo este texto porque entendo que o momento é muito oportuno para essa reflexão. A impressão que dá é a de que muitos seres humanos, no intuito de encontrar boas saídas, estão cavando a própria cova.
Respeito o fator “instinto humano”. Mas está mais do que na hora de valorizarmos a capacidade de sermos racionais.

Grande abraço,

Marcelo Jabur